segunda-feira, 20 de agosto de 2012
Desagravo à Tristeza
Inspirado num poeminha de Paula Gonzaga
Essa senhora tem sido sistematicamente atacada, desqualificada, mali nterpretada. Numa ditadura da felicidade ( o que é isso?!) que glorifica o riso, a fortaleza a força de vontade. Coisas tão caras e vitais, e tão banalizadas, postas como facilmente alcancavéis pela medicalização da vida.
As pessoas te perguntam: e aí td bem? mas não é para vc responder, é para vc dizer : td! É o que elas querem ouvir e a pergunta tão essencial se encerra na resposta vazia. Ninguém quer ouvir como vc sente de verdade, dá trabalho : Aff lá vem fulano com essa história de 'de onde vim?... para onde vou?...'
Estimular o ser inabalável, louvar quem dá a volta por cima, ao invés de compreender a dor como estrutural e estruturante, não seria mais uma estratégia de dizer simbolicamente, a la banda eva: "então não me conte seus problemaaaaas"?
Se queremos um veneno anti -monotonia, algum remédio que nos dê alegria, como saber lidar com a dor do outro? Aí vem algo rasteiro: minimizar as queixas alheias. Se o indivíduo conta algo mto doloroso: ele está exagerando! se conta que deu beliscão em azulejo diante da dor: ele quer se aparecer!
D. Tristeza nossa humana demasiadamente humana conhecida, entre quando quiser e só fique o necessário.
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