domingo, 6 de junho de 2010

Café com leite no Garrafão

Quando era minha vez de pegar ia chorando para o céu,disfarçava,mas não saia da brincadeira e piorou brincar como 'café com leite'. Uma vez café com leite podia esquecer ser como os outros,mais corajosos, fortes que aguentavam tudo sem chorar.Nessa brincadeira quem era pego ia apanhando até o céu... Inferno da necessidade humana de estar em grupo...
Desenhávamos um garrafão no chão, brincavam quantos quisessem, um pegava e os outros tinham que não ser pegos. Dentro do garrafão, se entrasse pela boca, podia andar de dois pés, se entrasse pela linha lateral tinha que ficar de um pé só.
Mas tinha um poder comum a todos,momento até de quem era café com leite controlar a brincadeira: Fechar a boca do garrafão!
Aí só se entrava ou saia por debaixo das pernas de quem fechou,aí eram as coligações políticas que funcionavam, os mais próximos combinavam de fechar a boca com eles dentro e de dois pés!
Mas voltando às regras,quem estava de um pé só não podia tocar o outro no chão e não podia entrar pela linha lateral.Regras rígidas, quem era pego podia apanhar de todos ?! Inocência da infância...
Voltei a isso para reafirmar que continuo pensando da mesma forma,não dá pra ser café com leite, é u ó, ninguém lhe quer na brincadeira.Sempre me fascinou o tato dos mestres da literatura para escrever suas reminiscências de infância. Com a lembrança do garrafão entendi como pode ser( ousadia né?!Machado de Assis me perdoa), é dilacerante o retorno das imagens. Lembro dos participantes, do chão de barro, de quantas poças tinha no chão (?!) E daquelas doces crianças e da doce melodia dos murros nas costas de quem era pego, eu fui várias vezes...
Mas café com leite nunca.

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